O vocalista Bruce Dickinson costuma dizer que toda vez que cruza o hemisfério sul com sua banda de heavy metal Iron Maiden "a temperatura esquenta". As imagens de "Flight 666 - O filme", novo documentário do grupo que teve sua pré-estreia mundial realizada no Rio na tarde deste sábado, comprovam que o discurso do cantor está longe de ser demagogia. Quase três décadas depois do lançamento de seu primeiro e homônimo disco, o Iron Maiden ainda é capaz de incendiar estádios com dezenas de milhares de fãs latino-americanos.
Dirigido pela dupla Sam Dunn e Scott McFadyen, os mesmos responsáveis pelo documentário "Metal - A headbanger's journey", o filme transporta o espectador para dentro do Ed Force One, o boeing 757 pilotado pelo próprio Dickinson que carrega os músicos, técnicos e as 12 toneladas de equipamento de palco usadas na turnê "Somewhere back in time". Apesar da apreensão inicial antes da primeira decolagem e do agourento número do voo (666), a jornada segue sem grandes sustos no ar graças à perícia do cantor no comando da aeronave. Filho de um ex-piloto da Força Aérea Real britânica, Dickinson também comanda voos comerciais quando está de férias da banda.
No interior do avião, fora da cabine do comandante metaleiro, o clima é de farra: as aeromoças vestem camisetas do Iron Maiden, os passageiros tiram sarro das tradicionais proibições no espaço aéreo e comemoram a chegada de uma garrafa de vinho "contrabandeada" pelo baterista Nicko McBrain. A cada desembarque, o clima do lado de fora do aeroporto é de histeria.
Mas ao contrário do que se poderia esperar de um grupo de roqueiros veteranos que se descabelam e correm no palco como jovens de 20 anos e cantam músicas que fazem referência a guerras e demônios, o espírito nas horas de folga é outro. Com exceção do guitarrista Janick Gers, que adora um pub irlandês, o guitarrista Adrian Smith aproveita a folga para jogar tênis com um ex-campeão na Austrália; McBrain e Dave Murray se entregam ao golfe e o baixista Steve Harris, o mais focado de todos, aproveita a viagem para curtir os filhos adolescentes e, claro, jogar uma partidinha de futebol sempre que possível.
Rivais no futebol e no metal
Comemorada como um gol da seleção brasileira na sala do Cine Odeon, no Rio, onde "Flight 666" foi exibido, a passagem da banda pelo Brasil em março do ano passado também está registrada no documentário. Além da pelada promovida em São Paulo no ano passado, em que os músicos do Iron enfrentaram integrantes do Sepultura, também há imagens dos shows em Curitiba e Porto Alegre e uma entrevista com o pastor Marcos Motolo, que carrega na pele 172 tatuagens da banda e do mascote Eddie.
Mesmo com toda a adoração dos fãs brasileiros pelo grupo, é difícil competir com o grau da "maidenmania" a cada parada do Ed Force One pelas capitais da América Latina. O "olê-olê-olê-olê" começa na Cidade do México, ganha força na Colômbia onde os metaleiros têm de enfrentar a vigilância do Exército, toma ares de "beatlemania" na porta do hotel em Buenos Aires e desemboca em um show em Santiago do Chile que obrigará os cariocas a se esforçarem ainda mais nesta noite se quiserem continuar carregando o título de "melhor público do Iron Maiden no mundo", como crava o diretor Sam Dunn no vídeo acima.
Dunn e McFadyen, aliás, não escondem em momento algum que, antes de cineastas, são também eles próprios fãs de carteirinha da banda. "Se os Rolling Stones podem ter seu documentário dirigido pelo Martin Scorsese, que também se diz fã, achamos que já era hora de nós fazermos o nosso do Iron Maiden", disse McFadyen logo após o final da sessão de "Flight 666" no Rio. O documentário tem estreia oficial prevista para 21 de abril nos cinemas do país.
Fonte: G1
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